Toda medida tomada por governos visando a desaceleração dos casos internos de COVID-19 tem efeitos que, normalmente, não nos damos conta num primeiro momento. Vejamos, o fechamento de fronteiras impedindo o fluxo de pessoas foi uma medida tomada por vários países para evitar a entrada de casos estrangeiros de pacientes e infectados e, mais recentemente, também como tentativa de frear a disseminação das variantes.

            Dentro do Comércio Exterior a proibição do fluxo de pessoas pode não parecer tão importante se comparado ao fluxo de cargas, mas mesmo assim pode ocasionar atrasos e problemas logísticos, inclusive internos. Por exemplo, quando os países da União Europeia anunciaram o bloqueio de suas fronteiras, refletiu num cenário desafiador para os setores nacionais quanto à circulação de mercadorias. Outros países europeus que não são membros do acordo também seguiram a mesma decisão.

Na América Latina, países como Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru, Venezuela, Equador e Colômbia anunciaram o fechamento das fronteiras já no ano de 2020. Independentemente da maneira a adotada, acaba resultando numa maior barreira para a troca de mercadorias, sem mencionar os efeitos gerados pela redução da produção e o redirecionamento das exportações para abastecer o mercado interno.

Nesse sentido, além dos efeitos dessa redução de produtos na maioria dos países da América Latina (que consequentemente reduziu a oferta de insumos consumidos pelo Brasil), o bloqueio das fronteiras dos países latinos poderão influenciar sensivelmente a importação de plástico, máquinas, aparelhos elétricos e veículos automotores (ainda que nossa dependência em relação a estes seja baixa, uma vez que também há produção interna).

Ainda em se tratando à economia, vale lembrar das cidades fronteiriças que enfrentam a dicotomia entre controle e integração, como por exemplo Foz do Iguaçu, no Paraná, fronteira com Argentina e Paraguai, uma vez que o acesso e a circulação das pessoas decorrem das relações de trabalho, turismo, consumo e utilização dos serviços públicos de saúde e educação. Diariamente, brasileiros, paraguaios e argentinos cruzam as fronteiras por diferentes razões, como relações comerciais, industriais, laborais, de educação formal, utilização dos serviços de saúde, bem como pelas práticas religiosas e de circulação de turistas etc.

A falta de políticas bilaterais que possam regulamentar medidas sanitárias de controle da pandemia, de forma integrada e solidária entre países que partilham fronteiras (não apenas geográficas), constitui uma grande lacuna, haja vista a grande mobilidade populacional em razão dos vínculos familiares e de amizade, relações de trabalho, de estudo, busca de serviços de saúde e outros aparelhos sociais em ambos os lados da fronteira, próprios da dinâmica e interdependência social e econômica presentes nessas localidades.

Nesse contexto, está nítido que tanto o setor de saúde quanto o econômico são afetados em razão da pandemia de COVID-19 que se atravessa e cuja repercussão é gravíssima.

Para a saúde, o fechamento das fronteiras, associado ao isolamento social, fez aumentar os relatos de depressão, doenças e dores físicas não percebidas anteriormente em uma parcela estatisticamente significante da população, e na economia, como resultado também se observa a retração do consumo verificada pela perda do emprego e renda familiar.

Ainda falando de influências no comércio e economia internacional com o fechamento das fronteiras, é importante ressaltar mais uma mudança de hábito que pode e provavelmente irá mexer na economia dos países: as viagens corporativas. Dois cenários existem atualmente: (1) a queda nas viagens corporativas visando redução de gastos por parte das empresas neste momento de crise e (2) as que perceberam que as viagens já não são mais necessárias diante da popularização das videoconferências e do trabalho remoto. Sem mencionar também o aumento da procura por viagens executivas e jatos particulares para viagens de turismo e lazer por clientes tentando fugir das aglomerações dos voos comerciais.

Algumas companhias aéreas influenciadas pela pandemia reduzirão permanentemente suas ofertas em cabines premium para economizar dinheiro, disse Jeremy Clark, que dirige a JC Consulting, empresa com sede na Malásia e que assessora as companhias aéreas em relação à alimentação e serviços. Isso significa que muitos fornecedores dependentes de companhias aéreas podem fechar e é provável que o escopo refeições e serviços à bordo só voltem a níveis pré-pandêmicos quando o setor se recuperar, disse ele.

Também não está claro até que ponto o mercado premium, que a IATA diz ter gerado 30% da receita internacional das companhias aéreas em 2019, pode se recuperar. Muitos viajantes de negócios em terra se acostumaram às videoconferências ao invés das visitas pessoais, e uma recessão global ameaça os orçamentos corporativos.

“Estamos enfrentando um caminho longo e incerto para a recuperação”, disse Ronald Lam, diretor comercial e de clientes da Cathay, “simplesmente não sobreviveremos a menos que adaptemos nossas companhias aéreas para o novo mercado de viagens”.

Pode parecer contraintuitivo, com as fronteiras fechadas e as viagens internacionais mais restritas do que nunca, mas o comércio nos ajudará a achar a saída para a situação que estamos enfrentando. Apenas trabalhando juntos é que poderemos traçar o caminho que nos levará a atravessar e sair da crise.

Toda medida tomada por governos visando a desaceleração dos casos internos de COVID-19 tem efeitos que, normalmente, não nos damos conta num primeiro momento. Vejamos, o fechamento de fronteiras impedindo o fluxo de pessoas foi uma medida tomada por vários países para evitar a entrada de casos estrangeiros de pacientes e infectados e, mais recentemente, também como tentativa de frear a disseminação das variantes.

            Dentro do Comércio Exterior a proibição do fluxo de pessoas pode não parecer tão importante se comparado ao fluxo de cargas, mas mesmo assim pode ocasionar atrasos e problemas logísticos, inclusive internos. Por exemplo, quando os países da União Europeia anunciaram o bloqueio de suas fronteiras, refletiu num cenário desafiador para os setores nacionais quanto à circulação de mercadorias. Outros países europeus que não são membros do acordo também seguiram a mesma decisão.

Na América Latina, países como Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru, Venezuela, Equador e Colômbia anunciaram o fechamento das fronteiras já no ano de 2020. Independentemente da maneira a adotada, acaba resultando numa maior barreira para a troca de mercadorias, sem mencionar os efeitos gerados pela redução da produção e o redirecionamento das exportações para abastecer o mercado interno.

Nesse sentido, além dos efeitos dessa redução de produtos na maioria dos países da América Latina (que consequentemente reduziu a oferta de insumos consumidos pelo Brasil), o bloqueio das fronteiras dos países latinos poderão influenciar sensivelmente a importação de plástico, máquinas, aparelhos elétricos e veículos automotores (ainda que nossa dependência em relação a estes seja baixa, uma vez que também há produção interna).

Ainda em se tratando à economia, vale lembrar das cidades fronteiriças que enfrentam a dicotomia entre controle e integração, como por exemplo Foz do Iguaçu, no Paraná, fronteira com Argentina e Paraguai, uma vez que o acesso e a circulação das pessoas decorrem das relações de trabalho, turismo, consumo e utilização dos serviços públicos de saúde e educação. Diariamente, brasileiros, paraguaios e argentinos cruzam as fronteiras por diferentes razões, como relações comerciais, industriais, laborais, de educação formal, utilização dos serviços de saúde, bem como pelas práticas religiosas e de circulação de turistas etc.

A falta de políticas bilaterais que possam regulamentar medidas sanitárias de controle da pandemia, de forma integrada e solidária entre países que partilham fronteiras (não apenas geográficas), constitui uma grande lacuna, haja vista a grande mobilidade populacional em razão dos vínculos familiares e de amizade, relações de trabalho, de estudo, busca de serviços de saúde e outros aparelhos sociais em ambos os lados da fronteira, próprios da dinâmica e interdependência social e econômica presentes nessas localidades.

Nesse contexto, está nítido que tanto o setor de saúde quanto o econômico são afetados em razão da pandemia de COVID-19 que se atravessa e cuja repercussão é gravíssima.

Para a saúde, o fechamento das fronteiras, associado ao isolamento social, fez aumentar os relatos de depressão, doenças e dores físicas não percebidas anteriormente em uma parcela estatisticamente significante da população, e na economia, como resultado também se observa a retração do consumo verificada pela perda do emprego e renda familiar.

Ainda falando de influências no comércio e economia internacional com o fechamento das fronteiras, é importante ressaltar mais uma mudança de hábito que pode e provavelmente irá mexer na economia dos países: as viagens corporativas. Dois cenários existem atualmente: (1) a queda nas viagens corporativas visando redução de gastos por parte das empresas neste momento de crise e (2) as que perceberam que as viagens já não são mais necessárias diante da popularização das videoconferências e do trabalho remoto. Sem mencionar também o aumento da procura por viagens executivas e jatos particulares para viagens de turismo e lazer por clientes tentando fugir das aglomerações dos voos comerciais.

Algumas companhias aéreas influenciadas pela pandemia reduzirão permanentemente suas ofertas em cabines premium para economizar dinheiro, disse Jeremy Clark, que dirige a JC Consulting, empresa com sede na Malásia e que assessora as companhias aéreas em relação à alimentação e serviços. Isso significa que muitos fornecedores dependentes de companhias aéreas podem fechar e é provável que o escopo refeições e serviços à bordo só voltem a níveis pré-pandêmicos quando o setor se recuperar, disse ele.

Também não está claro até que ponto o mercado premium, que a IATA diz ter gerado 30% da receita internacional das companhias aéreas em 2019, pode se recuperar. Muitos viajantes de negócios em terra se acostumaram às videoconferências ao invés das visitas pessoais, e uma recessão global ameaça os orçamentos corporativos.

“Estamos enfrentando um caminho longo e incerto para a recuperação”, disse Ronald Lam, diretor comercial e de clientes da Cathay, “simplesmente não sobreviveremos a menos que adaptemos nossas companhias aéreas para o novo mercado de viagens”.

Pode parecer contra intuitivo, com as fronteiras fechadas e as viagens internacionais mais restritas do que nunca, mas o comércio nos ajudará a achar a saída para a situação que estamos enfrentando. Apenas trabalhando juntos é que poderemos traçar o caminho que nos levará a atravessar e sair da crise.

Artigo escrito por Kauana Benthien A. Pacheco

Kauana é formada em Negócios Internacionais e cursa pós-graduação em Big Data & Market Intelligence. É fundadora da primeira agência de marketing focada em Comércio Exterior, a ComexLand.

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