Algo que ouço quase todos os dias dos empresários dos mais diversos setores é que o Comércio Exterior é complexo. Que não basta lidar com toda a pressão e burocracia de operar no mercado brasileiro, operar no exterior seria um trabalho a mais o qual não estão dispostos a realizar no momento.
Essa afirmação me preocupa, já que as raízes da mesma apresentam o real problema no que tange a internacionalização, e não somente a dificuldade de operar exportações e importações.
Vamos fazer uma bruta e rápida análise sobre o motivo de grande parte dos empresários pensarem assim: primeiramente, o Brasil é um país de extensão continental e população de grande número. Unindo esse dado com o fato da pluralidade cultural de nosso país, fora a observação da vasta gama produtiva devido diferenças de solo, clima e especialidades produtivas – o que faz de cada região do Brasil quase que um país independente quando analisamos que pelo princípio básico da economia, produzimos e vendemos aquilo que nossa especialidade nos proporciona e, consequentemente, compramos o que não conseguimos produzir – nota-se que existe muito potencial de vendas em território brasileiro.
O problema disso é que, por muitos anos, nosso país possuiu medidas protecionistas que, além de realmente salvaguardarem a vida, segurança e integridade física não só das pessoas, mas também da fauna e flora, acomodaram o empresário. Isso significa que um produto importado sempre custou muito caro e pelo poder aquisitivo compatível com o cenário brasileiro, a população optava pelo produto ou serviço local. Isso encorajou por muito tempo com que o empresário brasileiro não investisse em inovação, tecnologia e competitividade, já que ainda não o fazendo, sempre possuiu mercado.
Porém o cenário agora é outro. Por mais que a mentalidade de muitos ainda acompanhe o pensamento de que não há necessidade de inserção competitiva no Brasil e no mundo, hoje corremos o risco de perder nosso próprio mercado local para empresas internacionais devido o serviço agregado, custo benefício do produto e facilidades na aquisição. Isso é preocupante, não?
Os empresários têm percebido esse fenômeno e muitos já estão preocupados. Porém, por ainda possuírem em grande parte a cultura da “empresa familiar” e centralização operacional de todos os setores nas mãos do proprietário, muitas vezes os mesmos se sentem sobrecarregados o suficiente para lidar com a adaptação necessária e consequentemente o mercado internacional. E, por postergar cada vez mais a iniciativa, surgem as acusações de pouco investimento governamental na desburocratização e incentivo ao comércio internacional.
O Governo poderia fazer mais do que já faz? Sem dúvidas! Mas é algo que depende do Governo? Não completamente. Vou explicar: desburocratizar processos para que o Comércio Exterior se torne mais fácil e acessível, tanto quanto viabilizar a agilidade das operações sim é responsabilidade do Estado. E digo mais, deve fazê-lo de maneira estratégica, como pelo que acompanhamos já está acontecendo.
Mas o primeiro passo a ser dado é do empresário. Enxergar a oportunidade e os meios para realizá-la, ainda que haja pouco incentivo de qualquer órgão ou pessoa, é algo que traz benefícios primeiramente para sua própria empresa. Consequentemente traz também para a sociedade, mas o primeiro passo é pensar em seus negócios. Então, o que eu preciso para conseguir me inserir? Vou fazê-lo. Se eu fizer, mais pessoas o farão e consequentemente existirá demanda para desburocratização e incentivo. Então, como diz a própria lei da oferta e demanda, algo deverá ser feito para incentivar ainda mais.
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Artigo escrito por Nilo Scandaroli
É Profissional das Relações Internacionais; Sócio-Diretor da empresa Joint Company Negócios Internacionais; Chefe de Operações da Zeit Org e Professor de Networking, fundador do Canal “Conversa com Internacionalista” e produtor de conteúdo na ComexLand.
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