Blank Sailing ou omissão, é o cancelamento da atracação do navio em determinado porto por escolha do próprio armador, alterando parcialmente ou totalmente a rota já predeterminada. Essa situação pode ocorrer por causas naturais, como a impossibilidade da atracação por condições climáticas, situação em que se encontra o porto, ou por estratégias comerciais e financeiras. Quando as omissões ocorrem, a carga é reprogramada para o próximo porto ou próxima viagem do navio.
Após o ano novo lunar esperava-se um período de Blank Sailing como tentativa de equilíbrio dos valores de frete, essa técnica se intensificou por conta da contaminação do coronavírus e isolamento da população.
Nos dois primeiros meses do ano, diversas fábricas interromperam suas operações na China e mesmo com a alta tecnologia de automatização dos portos chineses, não foi possível evitar a desarmonia logística, uma vez que, não haviam transportadoras, rebocadores, os terminais estavam com toda sua capacidade ocupada e consequentemente, contêineres começaram a faltar em diversos países do mundo, pois estavam todos concentrados na China aguardando desova.
A cadeia de suprimentos de diversas fábricas que dependiam da produção chinesa foram afetadas. Quando houve o ponto de inflexão da doença na China e a retomada da produção, houve o pico da pandemia na europa e américas, causando um desastre na saúde pública e na economia mundial.
Todas as disparidades entre oferta e demanda contribuíram para o aumento da omissão de portos e conjuntamente ao cancelamento de milhares de rotas aéreas, gerando uma queda brusca, comparado com o mesmo período em 2019
Mais de 80 rotas com origem China e destino Estados Unidos foram canceladas, prejudicando a logística de suprimentos de países europeus.Segundo a Shanghai International Shipping Institute, o porto de Ningbo movimenta em média 75 mil TEUs por dia, porém no auge do surto de coronavírus na China, esse mesmo porto movimentou apenas 5 TEUs.
Os principais desafios do Blank Sailing é como importadores e exportadores lidarão com o lead time, ou seja, o ciclo de compra e venda de bens. Mais do que nunca, os players de comércio exterior devem possuir um planejamento de recuperação e execução e criar dentro das empresas a cultura de análise de riscos.
Artigo escrito por Kauana Benthien A. Pacheco
Kauana tem seis anos de experiência no comex, é formada em Negócios Internacionais e cursa pós graduação em Big Data & Market Intelligence. É criadora da página de conteúdo sobre comércio exterior, ComexLand, onde escreve sobre economia global e comércio internacional.